A quaresma tem como uma de suas metas a preparação para a Semana Santa, e essa nos presenteia com o centro de nossa fé: a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, celebrado em três momentos do chamado Tríduo Pascal.
Mas, por vezes, nossa fé caminha de modo automático, sem prestarmos atenção aos acontecimentos. É nesse momento que precisamos parar para compreender melhor o significado dos sinais que a liturgia nos apresenta. Assim, fujamos do perigo de sermos cristãos de aparência e aprofundemos nossa fé.
Para isso, preparamos este conteúdo explicativo sobre o Tríduo Pascal para vivermos bem estes dias santos e ressuscitarmos com Cristo para uma vida nova. Acompanhe!
O Tríduo Pascal é o centro da Semana Santa
A palavra ‘tríduo’ significa três. O Tríduo Pascal, faz referência ao maior acontecimento da vida de Cristo e da fé cristã – a Páscoa do Senhor. Logo, o ele é o coração da liturgia e o centro da nossa fé.
E ele descreve a entrega de Jesus, sua condenação à morte, seu julgamento, sepultura e ressurreição, acompanhados das dores da Virgem Maria e das pessoas. Então, são acontecimentos fortes que determinam a identidade de um povo e marcam a história.
De forma que são eventos que se enlaçam, não existem isolados, mas profundamente unidos. Se vivemos a páscoa do Senhor em uma única celebração, na Semana Santa, essa celebração se explica em três momentos. Nesta quinta-feira, os católicos no mundo inteiro iniciam a celebração do Tríduo Pascal, ou seja, o período de tempo que vai da tarde de quinta-feira Santa até a manhã do Domingo de Páscoa
Ou seja, a bênção final ou a última celebração só acontece na Vigília Pascal quando proclamamos a Ressurreição de Cristo, cantamos o glória e o aleluia, tendo a noite como testemunha deste acontecimento indispensável.
Como viver bem a Semana Santa?
Se lermos algum dos Evangelhos a partir da entrada de Jesus em Jerusalém – Domingo de Ramos, veremos o que acontece até a Sua ressurreição. Mas a Igreja nos possibilita vivermos o que está escrito de maneira simplificada, profunda e real na Semana Santa.
Para isso, fazemos memória de tudo o que o Senhor passou até a saída do túmulo. E fazer memória para a Igreja é tornar o mesmo acontecimento presente e real como se estivéssemos todos naquele dia quando aconteceu.
Assim, entendamos agora o significado de cada celebração e seus sinais.
Quinta-Feira: Ceia do Senhor e o Lava-pés
A Quinta-Feira Santa marca o início do Tríduo Pascal. Essa celebração é também conhecida como Lava Pés por causa do gesto de Jesus de purificar os pés dos discípulos instituindo o novo mandamento:
“Amai-vos uns aos outros”. (Cf. João 13,34)
O início desse dia começa com a Missa do Crisma, com a bênção dos Santos Óleos, que serão usados nos sacramentos ministrados durante o ano inteiro sobre os fiéis. Também os sacerdotes renovam seus compromissos junto ao bispo diocesano.
Então, a partir das 17h, começa a solene Missa da Ceia do Senhor. Nela acontece a instituição da Eucaristia e, consequentemente, do sacerdócio. O Evangelho trata do amor e, como gesto concreto, Jesus lava os pés dos seus apóstolos e envia-os a fazer o mesmo.
Logo após o rito da comunhão, acontece a procissão do Santíssimo Sacramento, acompanhada pelo canto litúrgico, até a capela onde serão guardadas as reservas eucarísticas; começa a adoração silenciosa e encerra-se a Missa sem a bênção final.
Sexta-Feira da Paixão do Senhor
A Sexta-feira Santa traz como centro a morte de Cristo na Cruz! Este é o único dia em que não ocorre Missa, mas uma celebração dividida em três partes: Liturgia da Palavra com o Evangelho da Paixão; adoração da cruz e a distribuição da comunhão.
Tudo começa em um profundo silêncio, com o sacerdote vestido de vermelho representando a realeza de Cristo, exatamente às 15h. A dor, porém, não significa desespero para a Igreja, mas veneração e adoração ao Rei dos Reis.
Na sexta-feira da Semana Santa também observa-se o jejum e a abstinência de carne. A via sacra é outro momento forte de oração e piedade do povo de Deus e a proclamação solene da Paixão de Cristo, na liturgia da celebração.
Após a adoração a Santa Cruz e a comunhão eucarística, o altar é desnudado novamente. O sacerdote se retira em silêncio; não há bênção final e a Igreja entra em estado de espera pela feliz ressurreição do Senhor ao lado da Virgem Maria, Mãe do Silêncio.
Sábado de Aleluia
Sábado Santo ou Sábado de Aleluia nos prepara para a Solene Vigília Pascal – a mãe de todas as vigílias, como disse Santo Agostinho; o momento da ressurreição triunfal de Cristo sobre a morte e também nossa vitória como povo cristão.
Logo, essa cerimônia é cheia de sinais que iremos descrever abaixo:
- A Liturgia do Fogo: o círio pascal é aceso na fogueira santa e representa a luz de Cristo, que sustentará e manterá acesa a fé da Igreja.
- A Liturgia da Palavra: atravessando toda a história da salvação, explica como Deus se manifestou ao povo, do antigo até o novo testamento através de seu filho para salvar toda a humanidade;
- A Liturgia Batismal: o batismo que nos purifica é recordado, pois nele passamos da morte para vida, vida nova, também renovada com a manifestação das promessas batismais;
- Por fim, a Liturgia Eucarística, fonte e cume de toda a vida sacramental na Igreja, que nos apresenta a Páscoa definitiva do Filho de Deus.
A solenidade acontece a partir das 17h, consta de nove leituras e sete salmos; oscila entre luz e trevas; cantos e promessas e chega ao seu ápice com o canto de glória e a vestição do altar com os paramentos selecionados na cor branca. É a Páscoa do Senhor!
Domingo de Páscoa, viva o Senhor!
Instale-se então a Páscoa, pois Ressuscitou o Senhor! Proclama a liturgia e anunciam os cânticos! É o domingo de Páscoa. E esta é a verdade da fé cristã: Cristo Ressuscitado. Com essa solene liturgia, começa o tempo pascal.
Esse acontecimento é tão grande que não cabe em uma Semana Santa, mas se estende durante 50 dias até a solenidade de Pentecostes e se torna o centro da nossa fé! Assim, todo domingo é Páscoa, com também, o dia mais importante da semana.
Então, como viveremos nossa fé durante a Semana Santa?
No mínimo, com gratidão e unidos ao Mestre; participando o máximo das celebrações e oferecendo o melhor de nossas vidas a quem se entregou por inteiro para nos salvar.
Viva a liturgia e a mística da Semana Santa com as canções litúrgicas da Comunidade Recado, preparadas especialmente para este tempo – ouça aqui