Débora Moreira Araújo, pelo Hozana
Festejar? Não sei bem se esse é o verbo adequado. Talvez seja melhor dizer que, hoje, faremos memória do dia da mulher.
Fazer memória… sim! Acho que essa expressão é mais adequada.
Não vou relembrar a história deste dia marcante – aliás, as histórias – pois acredito que nós já as conhecemos bem.
Gostaria, principalmente, que nós aproveitássemos deste tempo para refletir um pouco sobre quem é a mulher do século XXI. Quais são as suas necessidades? Quais são os seus anseios, medos, certezas e incertezas? Qual é o seu lugar na Sociedade e na Igreja? Qual espaço é dado a ela?
O Dia da Mulher não é simplesmente uma data comemorativa na qual recebemos flores e parabéns. Claro! Isso é importante! E, de fato, é sempre bom receber flores.
Porém, não devemos esquecer que não é tão fácil assim ser mulher. Perante as contradições da nossa sociedade, os diferentes papéis que temos que desempenhar, as imagens muitas vezes distorcidas, que exigem de nós um corpo quase que fictício, enviadas pelas redes sociais… Fico me perguntando: que mundo nós estamos deixando para as nossas meninas? Como encontrar o nosso caminho em meio a uma sociedade, ainda, tão desigual?
Nosso ser mulher no mundo também é construído através do olhar dos outros. E, é importante dizer, esses olhares são tantas vezes fontes de mágoa e sofrimento…
Quando penso nisso e em todas as mulheres que podem estar sofrendo, agora mesmo, com algum olhar de julgamento ou de desprezo, gosto de imaginar o olhar de Jesus. Imagino este Homem olhando com tanto cuidado e amor para cada mulher que cruzou o seu caminho. Imagino o Seu Olhar misericordioso para Maria Madalena que estava prestes a ser apedrejada; o Seu Olhar amoroso para a samaritana à beira do poço; o Seu Olhar acolhedor para aquela mulher que banhou os seus pés divinos de lágrimas; ou ainda o Seu Olhar pacífico lançado para as mulheres que se aproximaram Dele na Via Sacra. São tantos Olhares, tantos exemplos ao longo do Evangelho, deste Homem-Deus, que me dá forças para continuar a minha caminhada, a cada dia, nessa sociedade que ainda tem dificuldades em ouvir a voz feminina, que Ele tão bem soube ouvir, a começar pela voz de Sua Mãe, naquelas bodas, ela que não teve medo de dizer: “Façam tudo o ele vos disser”.
Diante do exemplo revolucionário, deste Homem-Deus, tenho cada dia mais dificuldade de entender por que ainda persistem tantas mentalidades que denigrem e desprezam a mulher, simplesmente por ela ser mulher? Mentalidades que instrumentalizam o seu corpo e a sua função na sociedade. Discursos que reforçam uma imagem negativa, desdenhosa e muitas vezes violenta a respeito da mulher. Realmente eu não consigo entender…
E persiste em mim – mulher, cristã e consagrada – uma pergunta: qual é o nosso papel enquanto cristãos diante disso tudo? Nós, inseridos neste mundo, chamados a ser novos Cristos, o que nós podemos fazer? Talvez, reconhecer e não ignorar essa realidade já seja um bom começo.
Conhecer mais profundamente os exemplos bíblicos de mulheres – Débora, Ester, Marta, Maria, Verônica – que serviram a Deus e desafiaram o seu tempo, pode ser uma segunda dica. Além dessas figuras bíblicas, podemos tomar o exemplo de muitas santas que, de alguma forma, revolucionaram ou viveram profundamente as dificuldades do seu tempo, como Santa Dulce dos Pobres, Santa Rita de Cássia, Santa Bakhita e muitas outras.
Pensando em tudo isso, o movimento SINclua e a Rede Social de Oração Hozana, prepararam uma novena com e pelas mulheres do século XXI. Serão 9 dias de oração guiados e inspirados pela história de 9 santas: Santa Gianna, Santa Paulina, Santa Mônica, Santa Zélia, Santa Rita, Santa Faustina, Santa Dulce, Santa Bakhita e, é claro, Nossa Senhora. Clique aqui para se inscrever.
Acompanhados dessas grandes santas, rezaremos, durante 9 dias, pelas diversas realidades femininas do nosso tempo: pela vida profissional das mulheres, por aquelas que estão em busca de um emprego, por todas as mães, por todas as que desejam ser mães, pelas mulheres vítimas de violência, pelas religiosas e celibatárias, por todas as que buscam uma resposta e, também, por todas as mulheres vítimas de alguma forma de escravidão.
Enfim, teremos uma reflexão franca e honesta sobre esse assunto, pedindo que o Senhor fortaleça e abençoe todas as mulheres e que nós sejamos cristãos atentos às necessidades deste tempo.
“Santa mãe Maria nessa travessia
Cubra-nos teu manto cor anil
(…)
Mulher peregrina, força feminina, a mais
Importante que existiu.
(…)
Com seus passos lentos enfrentando os
Ventos, quando sopram noutra direção
Toda a Mãe Igreja pede que tu sejas
Companheira de libertação.”
(Música: Caminhando com Maria)
Débora Moreira Araújo, pelo Hozana.